segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma Breve História dos Jogos de Tabuleiro (Parte 1)

Há algum tempo vinha procurando um texto para servir de base para uma peguena história dos jogos. Recentemente encontrei um texto perfeito escrito pelo filósofo e e professor canadense Doug Mann da Universidade de Western Ontário.
Além dele pequisei em diversos sites de designers de jogos, universidades e instituições culturais para tornar as informações mais dinâmicas e confiáveis possíveis. Viaje pelos links da matéria para ter informações adicionais e ver imagens dos jogos citados.
Esta postagem pretende servir como base para uma série de matérias sobre jogos e afins. Diversos temas e assuntos abordados aqui serão expandidos em novas postagens futuramente.
Jogo do Incenso - Acervo do Museu Britânico
A Idade de Bronze dos Jogos de Tabuleiro (Pré-história ao século XIX).
Todas as culturas conhecidas tem algum tipo de jogo de tabuleiro. Um dos mais populares é o xadrez. Sua forma primitiva remonta ao século VI na Índia (apesar de ninguém saber suas verdadeiras origens, ao certo).
Os mais antigos jogos conhecidos datam da antiga Suméria e Egito - estes, infelizmente, estão há muito tempo fora de catálogo!
O Jogo Real de Ur (foto a direita) é o mais antigo encontrado com um conjunto de peças completo. Sua idade é estimada em 4500 anos. Ele é originário da cidade-estado de Ur, capital do estado Sumério e cidade natal do personagem bíblico Abrão, que -segundo a bíblia e o alcorão- deu origem aos povos judeu e árabe.

Quatro tabuleiros foram escavados por Sir Leonard Woolley entre 1926 e 1927. Exemplares podem ser vistos no British Museum, em Londres. Os tabuleiros tinham 20 casas, sendo algumas marcadas com rosetas com diversas ilustrações. Acompanhavam 14 peças, em 2 cores diferentes e seis lotes binários na forma de tetraedros (pirâmides de 4 lados).
Outro jogo popular na antiguidades foi o egípcio Senet ou Senat (a esquerda) que tem 3.500 anos de idade. Era conhecido como "Jogo de passagem da alma" e é citado no "Livro dos Mortos" egípcio. 
Os desenhos existentes no tabuleiro teriam utilidade para os mortos no seu caminho na outra vida. O jogo simbolizaria a luta da alma do jogador contra o mal ou com as forças inimigas, que vagam no nada. 
Assim como ele, diversos jogos tiveram sua origem relacionada a praticas e crenças religiosas que acabaram tendo sua utilização desmistificada para utilização com fins lúdicos.
Astragaloi
Até o século XIX a produção de jogos era em escala artesanal e os mais sofisticados estavam restritos a nobreza e aos comerciantes com poder aquisitivo, mas haviam jogos populares como o que vemos na imagem a esquerda. Duas mulheres jovens disputando uma partida de um jogo que era popular entre as crianças e jovens na Grécia antiga. Se você sabe como jogar Cinco Marias, vai reconhecer Astragaloi (nome pelo qual é ainda conhecido na Grécia e Alemanha) ou Knucklebones (nos paises de lingua inglesa). O jogo é composto de cinco peças, normalmente pedras polidas ou seixos). Na antiguidade era praticado com ossos de tornozelos de ovelhas ou cabras, ou modelos desses. Os jogadores lançam as peças do jogo no ar e tentam pegar o maior número possível com uma das mãos enquanto caem. O Astragaloi é parente próximo dos dados modernos com quem tem origem diretamente relacionada.
Mancala
Outro jogo que usa elementos simples é o  Mancala (esquerda), na verdade uma família de aproximadamente 200 jogos com regras semelhantes, chamados jogos de semeadura e colheita,  que podiam ser jogados utilizando-se simplesmente pedras ou sementes em um tabuleiro escavado no chão. O jogo é popular até hoje e é praticado em diversas regiõs da Africa e Ásia. Cada jogador, ou time dependendo da variante, move suas peças através do tabuleiro com o objetivo de capiturar o maior número possível de peças dos adversários.
No Brasil, a empresa Origem produz e comercializa versões de jogos de tabuleiro históricos e contemporâneos em madeira e metal.

Jogos de Tabuleiro Modernos (1860 - 1960)
Na metade do século XIX, pequenos fabricantes começaram a produzir versão dos jogos clássicos e novos jogos para atender a demanda da classe média emergente, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Com o passar dos anos os pequenos produtores de jogos formaram uma lucrativa indústria cultural. 
Os primeiros jogos industriais tinham pouca ou nenhuma preocupação com estratégia e utilizavam mecânicas de jogo bem simples pelos padrões atuais.
The Checkered Game of Life
A era moderna dos jogos de tabuleiro começa com a publicação do Jogo da Vida (The Checkered Game of Life) criado pela Milton Bradley Company (hoje uma subdivisão da Hasbro), que vendeu mais de 45000 cópias no seu ano de lançamento, em 1860. Como muitos jogos do século 19, ele tinha uma forte mensagem moral.
Basicamente o jogo começava na infância e terminava numa próspera e rica velhice. O jogo original de Bradley não possuía dados (já que eram considerados itens para jogos de azar naquela época) e sim um teetotum. As regras do jogo foram reescritas por Reuben Klamer (que abreviou o nome para The Game of Life) em 1960 pelo aniversário de um século.
Monopoly (Banco Imobiliário no Brasil e Monopólio em Portugal), de 1904, é sem dúvida, o jogo de tabuleiro mais popular de todos os tempos.
Ele foi baseado no jogo The Landlord’s Game de Elizabeth J. Magie Phillips, que o criou com a proposta de ser uma “ferramenta” para ensinar a teoria do economista Henry George sobre taxa simples. A versão com as regras atuais foi lançado apenas em 1935.
Apesar de ser considerado hoje, ultrapassado em termos de mecânicas, ainda possui uma importância fundamental, pois milhares de jogadores tem seu primeiro contato com jogos de tabuleiro através dele.
No Brasil, o jogo War (Risk na versão americana) é o jogo de tabuleiro mais popular. Foi criado pelo diretor de cinema Albert Lamorisse com o nome de La Conquête Du Monde (a Conquista do Mundo) em 1957, na França e logo foi comprado pela Hasbro e distribuído nos Estados Unidos. 
Nesse jogo, o tabuleiro é um mapa mundial dividido em territórios que são ganhos e perdidos pelos jogadores. Na versão brasileira do jogo cada jogador recebe uma carta com um objetivo e vence aquele que conseguir completá-lo. As batalhas por territórios são definidas por lances de dados de seis faces. 
Outros clássicos da Idade do Bronze dos Jogos de Tabuleiro incluem o jogo de corrida Sorry (1934), publicado como Chispa! no Brasil e o jogo de investigação Clue (1946), publicado no Brasil como Detetive e em Portugal como Cluedo.
A maioria dos jogos de tabuleiro deste período consistem de um tabuleiro de papelão dividido em quadrados ou retângulos, um conjunto de
peças de metal ou plástico e dados. Embora a estratégia e diplomacia certamente desempenhem um papel na vitória ou derrota, a sorte era um fator importante neste jogos.
Houveram exceções, porém, Scrabble (1948) por exemplo, mais conhecido no Brasil com o nome de Palavras Cruzadas é um jogo de tabuleiro em que 2-4 jogadores procuram marcar pontos formando palavras interligadas usando pedras com letras num quadro dividido em 225 casas (15 x 15). O jogo foi inventado em 1938 pelo arquiteto Alfred Mosher Butts, com o nome de Criss Cross, depois recriado e rebatizado por James Brunot em 1949, e a partir de então comercializado nos Estados Unidos da América, de onde se espalhou por todo o mundo.
Boa parte dos jogos criados no período continuam sendo produzidos até hoje.
Das empresas surgidas no período a que mais se destaca é a Hasbro. Fundada em 1923 com o nome de Hassenfeld Brothers, a empresa é a grande remanescente deste período e passou por um forte processo de incorporação das demais concorrentes a partir da década de 1950 e é proprietária de mais de vinte empresas do setor de jogos e brinquedos e é a detentora da maior parte das licenças de jogos de tabuleiro criados neste período.

Para saber mais:
Em Português
Grow 

Em Inglês
Seção de Jogos no site do Museu Britânico.

Leia Também:
Atualizado dia 19 de fevereiro de 2011.

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